quinta-feira, 28 de novembro de 2013

AMOR MADURO

                                                    Trago n’alma matizes do amor vivido 
em auroras de sonhos e delírios... 
Trago também cicatrizes dos martírios, 
da saudade, solidão, ciúme, queixumes,
descaso, desilusão...
Ah! Em tantos mares naufraguei,
desarvorado barco, velejando esperança!
Ah! Velas içadas bailando
ao sopro de ilusões passadas!
Quanto amei!... Em quantos olhos mergulhei,
julgando-os sinceros espelhos d’alma!
Quantas batalhas enfrentei,
sofrido herói, mantendo a calma!
Banhava-me o sol os ombros nus.
Nua era a vida, de valores desprendida...
Altivo e forte, máscara nenhuma
na jovem face... Fagueira sorte!
Hoje, maduro, às voltas com pressão
econômica, arterial, colesterol, obesidade,
(coisas de meia-idade!...);
no espelho retratado um rosto (que desgosto!),
que é uma sombra do passado,
marcado por outonos e primaveras,
sócios, negócios, juros e decepções;
afogado em papéis, decibéis,
fax, computadores... Eis que me surpreendo
enternecido, adolescente, embevecido,
curtir um novo amor.
E é tamanha a emoção que me invade,
que chego a sentir calafrio dos pés à cabeça,
receando que esse amor tardio
por ventura tarde ou não apareça!
Atraso o relógio para não ficar tenso...
Cancelo compromissos de final de expediente.
E me preparo para estar inteiro:
- O nó na gravata, bom perfume, um ar brejeiro!...
Ela chega... chega também minha alegria!
Junto saímos... a noite é nossa!
Não há fossa, nem tristeza,
nada que roubar possa
do partilhar a beleza!
Entre abraços aliviamos nossos cansaços...
Olvidamos rugas e cicatrizes,
culpas, desculpas, descasos, tormentos...
 Assumindo o amor maduro
que renova os sentimentos,
concluímos que, na verdade:
- Se efêmera é a Felicidade,
eternos são os bons momentos!

Leonilda Spina

 

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Galeria de Fotos